O surgimento das favelas

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                                                                                                                                                               No panorama das cidades brasileiras, as favelas surgiram a partir de um embate pela disputa de espaço pelas pessoas mais pobres. É algo visível que se insere no mesmo ambiente e gera uma imagem heterogênea na cidade. A cidade se torna duas cidades dentro de um todo: o lado informal da favela, produzida e gerida pelas pessoas; e a cidade formal planejada e ordenada pelos arquitetos. Mas nem sempre foi assim.
As cidades brasileiras do século XIX, tais como o Rio de Janeiro, na época capital do país. Era uma conformação única onde trabalhar e morar estavam muito próximas ou até mesmo juntas no mesmo espaço. O espaço urbano não tinha uma clara divisão de classes. Ainda mais pela produção arquitetônica residencial que se restringia a casas térreas e a sobrados que estavam presentes na mesma rua.
No entanto na virada para o século passado, as cidades sobre a tutela do urbanismo positivista, começam a dividir e a separar espaços na cidade. Tendo seu auge de transformação do espaço urbano da capital, a construção de Copacabana.
Tal como no livro de VAZ, Lilian Fessler. “Modernidade e Moradia: habitação coletiva no Rio de Janeiro século XIX e XX” que através da historia da habitação e das tipologias, conta também a história da cidade.
A partir desse desmembramento do tecido urbano, surgem os espaços das classes sociais. A cidade planejada é habitada pelas pessoas que tem determinado poder aquisitivo, quem não tem renda para se manter na cidade formal, constrói sua morada e de certa forma sua cidade: a favela. É importante ressaltar que as favelas vão surgir onde nem o poder público nem o setor privado tem interesse: no caso de BH e no Rio de Janeiro nos morros.

Morro da Providência - Rio de Janeiro - Início do SEC. XX
Morro da Providência – Início do SEC. XX

Vale lembrar que é um erro generalizar esse aspecto da ocupação das favelas e comunidades sobre os morros. Há favelas em terrenos com declividades baixas como na vila autódromo na lagoa da tijuca.
De qualquer forma as pessoas criam espaços próprios, espaços de difícil acesso e de difícil apreensão para a pessoa que habita o lado formal e observa a sua presença no cotidiano. Claro que há problemas como saneamento e salubridade, a formação de grupos e crimes. Mas a maioria das pessoas que vivem ali, só não teve acesso à moradia digna e então elas mesmas deram um jeito.
As favelas nos lembram todos os dias a marca da falta do poder publico quanto a questão da moradia e do direito a cidade, da distância que existe entre os arquitetos urbanistas e essas comunidades, salvo as exceções. Mas a favela ainda preserva algo que a cidade formal perdeu, a vida e o uso da rua são intensos, as pessoas se conhecem e as crianças brincam e usam a ruas. Como antigamente no tempo dos nossos avós.
Regularizar as comunidades não é coloca-las abaixo e colocar as pessoas numa fila de espera interminável para ter as casas do MCMV, isso só aumenta a reprodução de favelas. A questão é fazer intervenções in loco evitando desapropriar pessoas, trazer qualidade urbana para os espaços com os serviços públicos básicos e trazer equilíbrio ambiental para toda a cidade. Assim podemos discutir uma reforma urbana.

Por Rogério Guimarães Misk Filho
PUC MINAS

Fonte: http://arquipelago.in/?p=683

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