Saiba que critérios técnicos adotar na hora de escolher um sistema construtivo inovador

Desempenho, durabilidade, capacitação de mão de obra e assistência técnica são alguns dos quesitos decisivos para a especificação

Por Juliana Nakamura

Edição 211 - Outubro/2014

 

Divulgação: Precon Engenharia
Sistema de vedação pré-fabricada com blocos cerâmicos foi submetido a testes em laboratório e em campo para obter documento do Sistema Nacional de Avaliações Técnicas (Sinat)

Divulgação: OR

Ao optar por sistema construtivo inovador, construtora deve verificar se o fornecedor oferece treinamento de mão de obra ou se homologa empresas executoras

Desde que o Sistema Nacional de Avaliações Técnicas (Sinat) entrou em vigor, em meados de 2009, a adesão das construtoras aos sistemas construtivos inovadores ficou mais fácil. Criado no âmbito do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H), o Sinat avalia o desempenho de materiais e sistemas construtivos que ainda não têm normas técnicas específicas. Mas isso não significa que introduzir um sistema inovador seja algo simples para as construtoras. Muito pelo contrário. Ter que convencer o meio técnico, o consumidor e os agentes financiadores sobre a segurança da inovação continua sendo um obstáculo grande, assim como adaptar suas práticas internas e mão de obra para aderir a novas tecnologias.

"Em alguns casos as soluções inovadoras são percebidas com desconfiança. Também muitos têm a ideia de que os sistemas inovadores são mais caros do que os convencionais", diz Guilherme Correia Lima, diretor administrativo financeiro da Precon Engenharia, que como outras construtoras, desenvolveu um sistema construtivo próprio já avaliado pelo Sinat.

Conhecer a fundo o desempenho de um sistema novo antes de utilizá-lo é um dos desafios que os construtores costumam enfrentar quando se deparam com a oportunidade de inovar. Nesse ponto, o primeiro cuidado a se tomar é certificar-se de que os produtos e sistemas em análise tenham um Documento Técnico de Avaliação (DATec) emitido pelo Sinat. "Esse documento comprova a aptidão técnica ao uso, considerando-se fundamentalmente requisitos de desempenho relativos à segurança, à habitabilidade, à durabilidade e à adequação ambiental", explica Heloisa Bolorino, diretora operacional da área de laboratórios da Concremat Inspeções e Laboratórios.

Mas não é só isso. "Também é importante que o controle da qualidade seja específico para aquele produto ou sistema inovador, considerando-se as principais características a serem controladas, conforme previsto na Diretriz do Sinat ou no DATec", acrescenta o engenheiro Cláudio Mitidieri, pesquisador do Centro Tecnológico do Ambiente Construído do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (Cetac-IPT). Ele ressalta a necessidade de o construtor ser bastante criterioso na hora de pesquisar referências anteriores da solução em estudo. "É importante visitar algumas obras e verificar o comportamento em uso, bem como avaliar ou pesquisar informações sobre outros aspectos importantes, como produtividade, práticas comerciais, assistência técnica à construtora e ao usuário final, disponibilidade de informações técnicas formais em manuais da qualidade e do usuário etc.", recomenda Mitidieri.

Divulgação: Precon Engenharia

Muitos dos novos sistemas construtivos introduzidos no mercado são produzidos em fábrica, com melhor controle da qualidade e menor geração de resíduos

O pesquisador do IPT destaca que, na hora de avaliar e comparar, tecnicamente, a qualidade de um sistema construtivo devem ser considerados os critérios de desempenho, à luz da norma NBR 15.575:2013 - Edificações Habitacionais - Desempenho e da diretriz específica do Sinat para aquela família de produtos. As diretrizes do Sinat, assim como os DATecs, trazem informações e critérios mais detalhados sobre durabilidade, complementando a Norma de Desempenho, que por sua vez apresenta informações sobre a vida útil de projeto requerida.

Recomenda-se, ainda, que a comparação, do ponto de vista técnico, seja feita de modo objetivo com base em critérios de desempenho. "Cabe ao produtor demonstrar esses indicadores. Ao construtor, ao incorporador e ao projetista, cabe analisar se aqueles indicadores são adequados para aquele tipo de obra", explica Mitidieri.

Em especial no caso de produtos utilizados no exterior, em realidades distintas da brasileira, há necessidade de verificar quais serão as adequações para o uso no País. "Qualquer sistema, mesmo os de uso consagrado mundialmente, precisa ser nacionalizado, ou seja, adaptado às tecnologias, aos materiais existentes e às condições climáticas brasileiras", destaca Heloisa. Segundo a engenheira da Concremat, é fundamental uma avaliação que comprove que a qualidade do produto ou processo, assim como seu comportamento e desempenho, foram mantidos sob as condições locais de aplicação, e qual é o comportamento provável ou potencial do produto ou processo.

A engenheira Túlia Ribeiro, da Odebrecht Realizações Imobiliárias (OR), conta que essa foi uma das preocupações que a construtora teve quando decidiu apostar em uma tecnologia inovadora para o fechamento externo de alguns de seus residenciais no Rio de Janeiro. Interessada em melhorar a produtividade e a sustentabilidade de suas obras, a construtora pesquisou uma série de tecnologias. "Fomos até a Alemanha e vimos coisas fantásticas, mas nem todas eram adaptáveis à nossa realidade", conta a engenheira. Ela explica que não adiantaria obter uma solução nova se ela não fosse completa, incluindo o apoio do fornecedor à homologação de empresas fornecedoras de mão de obra e a fiscalização intensa do fabricante, do projetista e, obviamente, da própria construtora.

Webinar PINI

O Instituto PINI promove o webinar "Avaliação e especificação de sistemas construtivos para edificações verticais e horizontais". Os engenheiros Ercio Thomaz e Claudio Mitidieri Filho, pesquisadores do IPT com larga experiência no assunto, explicarão os critérios para escolha do sistema construtivo com base em desempenho, construtibilidade, prazos e mão de obra.

Dia: 22 de setembro de 2015

Horário: 9h00 às 11h00

Programação:
- Sistemas construtivos a base de concreto - Eng. Ercio Thomaz (IPT)
- Sistemas construtivos leves para estruturas e vedações - Eng. Claudio Mitidieri Filho (IPT)

Clique aqui e saiba mais sobre o evento.

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Fonte: http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/211/artigo327637-1.aspx

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