Como construir: jardim de parede

Saiba como é feita a instalação do sistema composto por floreiras, cremalheiras e microirrigadores

Redação: Gisele Cichinelli
Edição 223 - Outubro/2015


Isadora Schmitz Feijó Bióloga da Ecotelhado isadora@ecotelhado.com.br
Foto: divulgação Ecotelhado
Figura 1 - Sistema de jardim de parede utilizado em fachada
Jardins verticais são uma solução diferenciada para proporcionar conforto térmico e acústico para as edificações, atuando como isolante e evitando a transferência de calor, frio e ruído para o interior da construção, minimizando, dessa forma, gastos energéticos com aquecimento e refrigeração. Além de garantir aos usuários o contato com o verde, o sistema também contribui com a absorção do gás carbônico e melhora a umidade atmosférica. Com a cobertura vegetal em muros e paredes, é possível dissipar ou consumir a energia gerada pelo calor do sol pela evapotranspiração e pela fotossíntese, reduzindo significativamente a amplitude térmica do interior do edifício. Por essas características, o sistema contribui para obtenção de pontos em certificações de sustentabilidade como o Leadership in Energy and Environmental Design (Leed) e o Alta Qualidade Ambiental (Aqua).
Dentre as opções disponíveis no mercado, o modelo de jardim vertical do tipo canguru oferece um sistema hidropônico, configurado por floreiras projetadas para reservar água e repassá- la ao vaso inferior, sucessivamente, criando um efeito cascata até o último recipiente.
Totalmente desenvolvido no Sul do Brasil, o modelo é hoje utilizado em todos Estados brasileiros e ainda exportado para países da América Latina, como Uruguai, Chile, Colômbia e México. Podem ser aplicados em fachadas de empreendimentos (figura 1), em ambientes internos (figura 2) ou para o cultivo de hortas urbanas verticais (figura 3).
Vale lembrar, no entanto, que o seu uso deve estar condicionado à existência de um local com incidência solar mínima ou luz artificial que permita o desenvolvimento das plantas. Também é imprescindível que haja um ponto de água para irrigação automatizada do sistema.
Características técnicas e componentes
Nesse modelo, cada floreira possui um reservatório de aproximadamente 0,3 l, o que diminui a frequência de rega da vegetação. O sistema dispensa o uso de substrato leve - que tende a colmatar, o que dificulta a passagem de água pelas floreiras e pode gerar podridão nas raízes devido ao excesso de umidade - e utiliza somente argila expandida, que retém água, mas ao mesmo tempo facilita a drenagem. A solução possui ainda um controlador automático de irrigação, que é ligado à rede de água e permite determinar o tempo e a periodicidade de rega.
O sistema (figura 4) pesa cerca de 50 kg/m² e não é autoportante, necessitando ser fixado em parede já existente. Ele é composto por:
- Floreiras de plástico (polipropileno) reciclado - dimensões externas de 45 cm de comprimento por 14 cm de espessura e 10 cm de profundidade
- Cremalheiras em aço galvanizado com fixação - dimensões diversas
- Argila expandida - substrato leve, proporcionando baixa carga e suporte para as raízes, com grande poder de retenção de água
- Parafusos e buchas
O kit de irrigação, composto por controlador, mangueiras, torneiras, filtro para fertilizante e um balde de fertilizante, é opcional.
Foto: divulgação EcotelhadoFoto: divulgação Ecotelhado
Figura 2 - Se adotado em ambientes internos, jardim de parede exige dimensionamento do nível de iluminação artificial com pelo menos 1.000 luxFigura 3 - Jardim vertical pode ser usado para cultivo de hortas urbanas

Foto: divulgação Ecotelhado
Figura 4 - Componentes do sistema: cremalheiras em aço galvanizado com fixação, floreiras de plástico, argila expandida, parafusos e buchas
Projeto e planejam
O dimensionamento do sistema é feito de acordo com a largura e a altura da parede. As floreiras têm tamanhos fixos de 45 cm de largura e 12,5 cm de altura cada. Esses elementos podem ser colocados com espaçamentos entre as colunas.
Vale lembrar que as vegetações necessitam de luz e água diariamente. Portanto, o sistema de irrigação automatizado exige ponto de água próximo à parede. A água da irrigação não tem contato com a parede, dispensando soluções de impermeabilização. No entanto, deverá ser prevista apenas uma calha abaixo do sistema para receber a água excedente da irrigação. Em caso de instalação em vãos no meio de colunas, a calha deverá ser instalada acima dessas áreas. Esses elementos podem ser eliminados caso o sistema seja aplicado em áreas externas com piso permeável.
Também é fundamental prever um local (ralo, calha ou cisterna) para receber o excedente da irrigação ao final da última floreira. Em paredes de grandes proporções é indicado a instalação de uma casa de máquinas com bombas e controladores (para controlar o fluxo de água) além de um reservatório de água (para permitir a irrigação e administração do fertilizante).
No caso de paredes verdes posicionadas em alturas elevadas, se possível, o ideal é deixar esperas (ganchos ou argolas) para fixação de estrutura de apoio e linha de vida. O projeto deve prever também fácil acesso ao sistema instalado, permitindo agilidade aos serviços de manutenção.
Vegetação
As espécies a serem utilizadas deverão ser escolhidas conforme o local de aplicação (ambientes externos ou internos), levando em consideração a exposição a luz e ventos. Em locais sem luz direta ou indireta, será necessário contar com uma fonte de iluminação artificial. Cabe ressaltar que a maioria das espécies vegetais necessita de, no mínimo, 1.000 lux para seu pleno desenvolvimento. O uso de uma única espécie de vegetação não é recomendável, já que, em caso de praga, toda a parede pode ser comprometida. A empresa fabricante do sistema não fornece a vegetação.
Foto: divulgação EcotelhadoFoto: divulgação Ecotelhado
Figura 5 - Locação dos pontosFigura 6 - Furação
Foto: divulgação EcotelhadoFoto: divulgação Ecotelhado
Figura 7 - Instalação das buchasFigura 8 - Encaixe das cremalheiras
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Fonte: http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/223/como-construir-jardim-de-parede-365186-1.aspx

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