Camada Viva

Elenara Leitão 30 de abril de 2013Arquitetura, Synarqs, Urbanismo

urbe_fract_color                                                         Seja pelo calo profissional de quem está muito habituado aos mapas, seja pela obrigação de focar a macro questão, ou mesmo porque a experimentação das cidades se dá mais frequentemente pelas ruas e avenidas, os atores envolvidos no seu planejamento e administração tendem a compreender, projetar e intervir, a partir da malha composta pelas vias existentes.

Estas vias comportam o ir e vir dos citadinos, e expressam de forma contundente os problemas que fazem sofrer a cidade, levando os atores envolvidos, também por este motivo, a basear suas ações segundo este desenho, onde a vida da urbe parece ter lugar. Entretanto o espaço disponível para esta malha tem fronteiras muito definidas, e não se expande à medida que a cidade cresce, pelo contrário, a tendência natural de crescimento da demanda torna este espaço disponível virtualmente cada vez menor, menos útil e qualificado, o que restringe sobremaneira a gama de soluções possíveis.

Os esforços no sentido da recuperação e requalificação dos espaços públicos tem caráter pontual, e mesmo quando bem sucedidos, são isolados, conectando-se apenas através da mesma rede de ruas e avenidas, que interrompem um possível e desejado “continuum saneado”, que poderia oferecer de fato uma nova alternativa de experimentação da cidade.

Mesmo uma cidade tão grande, adensada, e árida como a nossa, conta com praças, parques, calçadões, retalhos urbanos e nesgas verdes, cujos benefícios podem ser potencializados com a sua conexão, que também precisa surgir de forma já qualificada, e não tem lugar para acontecer na rede viária existente.

É preciso portanto pensar nas possibilidades de conexão através da adição de uma nova camada de uso, pensada em sobreposição à existente, também capaz de oferecer alternativas de percurso (para outros modais que não o veículo à explosão), mas principalmente de usufruto. Quanto mais conectadas, maior o poder de contaminação a qualificar suas fronteiras, e mais forte a tendencia de expansão destes espaços urbanos saneados.

passarelahexagonal                                                      A cidade é um organismo vivo, que cresce (ou míngua) ordenada ou desordenadamente, com ou sem planejamento, independentemente da vontade de seus cidadãos ou gestores, e isto se dá via de regra da forma mais fácil, mais simples e objetiva que se apresente. Se forem facilitadas as condições para que o crescimento aconteça de forma sustentável e qualificada, é assim que este se dará.

Se cada intervenção da municipalidade for feita com esta filosofia, adotandocoberturas vivas, cada uma delas, por menor que seja, será também mais um ponto a auxiliar no alinhave das superfícies qualificadas e sua integração, apontando para um futuro não só possível, mas também desejável, onde o   deslocamento se torne prescindível, e o usuário tenha acesso cada vez mais próximo a espaços públicos onde a vida, o encontro, as atividades lúdicas e culturais possam ter lugar, sem que seja obrigado a vivenciar a urbe como fazemos hoje, por falta absoluta de alternativa.

Autoria/créditos:

synarqs

Fonte: http://www.synapsis.org.br/camada-viva/

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